Maurício Rivabem e a Encruzilhada de 2026: Quem Ele Escolherá para Deputado?

O cenário político de Campo Largo para 2026 já está em movimento, e uma pergunta inevitável começa a circular nos bastidores: quem Maurício Rivabem vai apoiar para deputado estadual e federal?

A eleição municipal de 2024 foi intensa e desgastante para Rivabem. O embate com a oposição e as críticas sobre sua gestão deixaram marcas. Mesmo reeleito, sua base saiu fragmentada, e os ataques que sofreu durante a campanha expuseram fragilidades que podem influenciar sua capacidade de transferir votos. Agora, ele precisa decidir com cuidado quais nomes apoiará para manter sua relevância política. O problema é que, dependendo da escolha, pode acabar fortalecendo aliados ou criando novas divisões dentro do próprio grupo.

Os Nomes na Disputa

Entre os cotados, Roni Miranda, atual secretário de Educação do Paraná, já foi testado em pesquisas para medir sua aceitação entre os eleitores de Campo Largo. Embora não dependa exclusivamente da estrutura da prefeitura para se consolidar politicamente, Roni está contando muito com o apoio de Rivabem dentro do município onde mora. Sua eventual candidatura pode ser uma aposta do grupo do prefeito, mas ele precisará garantir uma base própria se quiser ampliar sua viabilidade eleitoral.

Outro nome de peso no cenário estadual é Paulo Gomes (PP), deputado estadual, advogado e ex-procurador do Estado. Com forte atuação na defesa do consumidor, ele ganhou notoriedade na mídia e, durante a campanha municipal de 2024, subiu no palanque ao lado de Rivabem, demonstrando alinhamento com a gestão. Mas o apoio de Gomes a Rivabem não foi uma simples estratégia de campanha – foi uma decisão unilateral, que contrariou a escolha do seu próprio partido. O Progressistas (PP) tinha outra direção em mente, mas Paulo Gomes optou por seguir um caminho próprio, assumindo um risco político que agora pode se tornar um fator determinante para 2026. A grande questão é: Rivabem retribuirá esse gesto ou já está sinalizando que tem outros planos?

E por falar em alianças estratégicas, um nome que não pode ser ignorado é Alexandre Guimarães (PDT), atual presidente da Câmara Municipal. Por mais que tenha sido adversário da gestão Rivabem em boa parte do mandato, nos 45 do segundo tempo da eleição de 2024, ele selou uma aliança com o prefeito – e esse movimento foi crucial para sua ascensão à presidência da Câmara. Agora, Guimarães faz questão de dizer que há um compromisso da prefeitura em torno de sua candidatura para 2026, e nos bastidores, ele brada que esse acordo está selado.

O detalhe curioso é que, por mais que Rivabem tente se afastar de qualquer vinculação ideológica, algumas imagens do passado voltam a circular e incomodam. Em eleições anteriores, Rivabem e Guimarães estiveram lado a lado, ambos com adesivos do 13 do PT no peito, o que levanta questionamentos sobre a coerência política do prefeito e de seu grupo.

Além deles, Alaina Rivabem, primeira-dama de Campo Largo, também aparece como um nome com potencial. Diferente de outros pré-candidatos que ainda precisam consolidar espaço, Alaina já tem influência na gestão e poderia representar a continuidade direta do projeto político do marido. Caso essa candidatura se concretize, será interessante observar a reação dos aliados. Até onde os compromissos com figuras como Guimarães e Paulo Gomes resistiriam diante de uma candidatura que manteria a política do grupo ainda mais centralizada?

Júnior Polaco Preto (PSD), o vereador mais votado de Campo Largo em 2024,também entra na disputa. Com 1.808 votos, demonstrou força eleitoral e pode buscar um espaço maior na política municipal. Já Fabrício Rossato, embora ainda sem oficializar sua intenção, é outro nome que pode surgir no jogo.

Liderança ou Ausência de Posicionamento?

Diante de tantos nomes e interesses, a questão central não é sobre ausência de ideologia, mas sim sobre falta de liderança e posicionamento. Rivabem não tem se mostrado alguém que transita entre diferentes grupos políticos por estratégia administrativa, mas sim um prefeito que evita se comprometer totalmente com qualquer lado, mantendo as portas abertas para quem possa lhe oferecer vantagens políticas.

Não à toa, os eleitores de Campo Largo já ouviram diversas vezes a justificativa de que “Rivabem faz o melhor para a cidade, independentemente de ideologia”. Mas governar uma cidade e definir seus aliados não é apenas um exercício técnico – é um jogo de poder, de influência e de compromissos políticos. A pergunta que deve ser feita não é se Rivabem está acima da ideologia, mas sim por que sua gestão se incomoda tanto quando o assunto vem à tona.

Os Bastidores em Brasília

E para quem ainda tem dúvidas sobre a complexidade dessas alianças, basta olhar para os movimentos do prefeito após a eleição municipal. Em novembro de 2024, Rivabem viajou a Brasília em comitiva ao lado de Júnior Polaco Preto, seu articulador político Paulinho do PT e o secretário de Obras Públicas Flávio Barszcz. Durante essa viagem, visitou Zeca Dirceu (PT), um dos deputados federais mais influentes do partido no Paraná.

Visita realizada ao deputado federal Zeca Dirceu (PT) em novembro de 2024 após as eleições

A visita reforçou a proximidade do prefeito com Zeca Dirceu, algo que tem sido observado com atenção dentro e fora de Campo Largo. Apesar dos esforços para se distanciar de qualquer rótulo ideológico, a relação com um dos principais nomes do PT no estado levanta questionamentos sobre o verdadeiro alinhamento político do prefeito.

Curiosamente, na mesma viagem, o grupo também esteve com Beto Richa (PSDB), ex-governador e deputado federal, o que demonstra que Rivabem tem mantido diálogo aberto com diferentes espectros políticos. Para alguns, essa movimentação pode ser interpretada como pragmatismo. Para outros, é apenas mais um reflexo da sua falta de posicionamento e liderança.

Visita ao deputado federal Beto Richa (PSDB) em novembro de 2024

O Verdadeiro Teste de Rivabem Começa Agora

Com tantas variáveis em jogo, a grande questão é: Rivabem tomará uma decisão baseada no melhor nome para Campo Largo ou em quem lhe oferecer mais vantagens políticas?

O apoio do prefeito pode garantir a ascensão de um nome dentro do grupo, mas também pode gerar ressentimentos e disputas internas. Paulo Gomes espera reciprocidade pelo apoio que deu contra a vontade do próprio partido. Alexandre Guimarães cobra o compromisso que teria sido selado nos bastidores. Alaina Rivabem pode surgir como um nome mais forte do que todos os outros e, se for esse o caso, como reagirão os demais?

Rivabem sobreviveu a uma eleição difícil, mas o verdadeiro teste de sua força política começa agora. E dessa vez, sem a cortina da campanha para protegê-lo, as escolhas que ele fizer definirão não apenas o futuro de seus aliados, mas também se ele continuará sendo a figura central da política campo-larguense ou se estará abrindo espaço para novos protagonistas.

Uma coisa é certa: a disputa já começou e, em Campo Largo, todos querem saber para onde a balança do prefeito vai pender – e a que custo.